quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Nova conferência agendada pelo MJC

O Movimento de Jovens da Covilhã continua em grande actividade.
Foi confirmada para o dia 24 de Abril uma conferência com o professor e investigador Antonio Rodrigues Assunsão e o escritor Manuel da Silva Ramos na Escola Quinta das Palmeiras sobordinada ao tema: "O Movimento Operario e a oposição à ditadura"



Notas sobre as obras dos oradores:

Antonio Rodrigues Assunção

Os teares da ira que ditaram negociações salariais à bomba
BATIA a meia-noite, foragido momento na cidade em recolhimento. No esparso silêncio destes dias, desdenhado, alvitrado, ameaçado, avisado, desenhavam-se novos contornos de turbulência. No abrigo do breu, a mão soltou o clarão. A primeira bomba rebenta à porta do industrial Francisco Nave Catalão. A madeira estilhaçou-se. Foi só o susto. Quebrou-se o silêncio. Parte da Covilhã acordava, agora, em surdina, nesta madrugada de 4 de Maio de 1923. No rasto da escuridão, o sobressalto voltou a tomar a cidade operária em voo picado. Quinze minutos depois, sem espaço para recobro, o negro recolhido no efémero da noite volta a ser violado pela faísca da explosão. Nova bomba rebenta junto da residência de outro industrial dos lanfícios: Francisco Ranito, que vivia na rua Conde do Refúgio. Novamente, e felizmente, sem vítimas a registar. Mas a assinatura estava a ser colocada num dos períodos mais violentos da história na cidade do Covilhã. Viviam-se dias agitados. Vivia-se a Greve das Oito Semanas.

O sindicato dos lanifícios local, controlado por anarco-sindicalistas, e afecto à Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), decretou greve geral a 14 de Abril. As exigências eram as esperadas: aumento dos salários, tidos como demasiado baixos para fazer face à carestia de vida deste país ainda a lamber as feridas do pós-I Guerra Mundial, na indolência de uma inflação galopante. Os industriais não puderam sustentar as reivindicações, a greve prolongou-se e o tom agudizou-se, assumindo repercussões nacionais. Até porque a elite dirigente do sindicato não era conhecida pela sua brandura. Os anarco-sindicalistas, ao contrário dos socialistas que controlaram o sindicato até 1918, não primavam pela moderação.

António Rodrigues Assunção, o autor do segundo livro da trilogia sobre o movimento operário da Covilhã, que irá ser apresentado em Dezembro, levantou ao JF o véu sobre o período tratado nesta segunda obra, que engloba de 1907 a 1926.

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Manuel da Silva Ramos


Aos 21 anos ganha o Prémio de Novelística Almeida Garrett de 1968, instituído pela Editorial Inova e Portugália Editora, com "Os Três Seios de Novélia". Publica três livros em parceria com Alface: "Os Lusíadas" (1977), "As Noites Brancas do Papa Negro" (1982) e "Beijinhos" (1996). Volta definitivamente a Portugal em 1997 depois de ter ganho uma Bolsa de Criação Literária atribuída pelo Ministério da Cultura. Em 1999 publica "Portugal, e o Futuro?", "O Tanatoperador", "Adeusamália" e "Coisas do Vinho", com ilustrações de Zé Dalmeida. Em 2000, depois de uma viagem de investigação a Moçambique, publica o seu romance mais ambicioso "Viagem com Branco no Bolso". Em 2001, depois de ter ganho uma outra Bolsa de Criação Literária, instala-se durante três meses em Praga, na República Checa, onde escreve "Jesus, The Last Adventure of Franz Kafka", publicado em 2002. Em 2003, realiza uma factoficção sobre a sua cidade natal e o mundo dos têxteis: "Café Montalto". "Ambulância" (2006), editado na Dom Quixote, é o seu mais recente romance. Tem numerosos inéditos e a sua ficção, como disse um dia Ernesto Sampaio, é uma brisa fresca na literatura portuguesa.


A Conferência será dinamizada pelo Grupo de Acção escolar - PLUR que faz parte do movimento de jovens da Covilhã

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